quinta-feira, 16 de setembro de 2010

VIAJAR PELA LEITURA









Viajar pela leitura
sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
quem gosta de ler.
Experimente!
Assim sem compromisso,
você vai me entender.
Mergulhe de cabeça
na imaginação!
Clarice Pacheco


Mumuru, a estrela dos lagos

Maraí, uma jovem e bela índia, muito amava a natureza. À noite, ficava a contemplar a chegada da Lua e das estrelas. Nasceu-lhe, então, um forte desejo de tornar-se uma estrela.
Perguntou ao pai como surgiam aqueles pontinhos brilhantes no céu e, com grande alegria, veio a saber que Jacy, a Lua, ouvia os desejos das moças e, ao se esconder atrás das montanhas, transformava-as em estrelas. Muitos dias se passaram sem que a jovem realizasse seu sonho. Resolveu então aguardar a chegada da Lua junto aos peixes do lago.
Assim que esta apareceu, Maraí encantou-se com sua imagem refletida na água, sendo atraída para dentro do lago, de onde não mais voltou. A pedido dos peixes, pássaros e outros animais, Maraí não foi levada para o céu. Jacy transformou-a numa bela planta, ganhando o nome de Mumuru, a vitória-régia.
Lenda Indígena – Sem Autor
Extraído do site Desvendar


Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade


Confissão

Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!
Mario Quintana

Janela aberta

Para quem estava com saudades, tá aí, Quintana!
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
Mário Quintana


PRA RUA ME LEVAR

NAO VOU VIVER COMO ALGUÉM QUE SÓ ESPERA UM NOVO AMOR
HÁ OUTRAS COISAS NO CAMINHO ONDE EU VOU
ÀS VEZES ANDO SÓ TROCANDO PASSOS COM A SOLIDÃO
MOMENTOS QUE SÃO MEUS E QUE NÃO ABRO MÃO.

JÁ SEI OLHAR O RIO POR ONDE A VIDA PASSA
SEM ME PRECIPITAR E NEM PERDER A HORA
ESCUTO NO SILÊNCIO QUE HÁ EM MIM E BASTA
OUTRO TEMPO COMEÇOU PRA MIM AGORA

VOU DEIXAR A RUA ME LEVAR
VER A CIDADE SE ACENDER
A LUA VAI BANHAR ESSE LUGAR
E EU VOU LENBRAR VOCÊ.

É, MAS TENHO MUITA COISA PRA ARRUMAR
PROMESSAS QUE ME FIZ E QUE AINDA NÃO CUMPRI
PALAVRAS ME AGUARDAM O TEMPO EXATO PRA FALAR
COISAS MINHAS TALVEZ VOCÊ NÃO QUEIRA OUVIR.
Ana Carolina